segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Um adeus doloroso. . .


Apesar de não ser meu, tratei deste animal desde bebé, e fui eu mesma que o baptizei com o nome "Caramelo". Criei uma relação muito forte com ele e lembro-me bem das horas que passávamos a brincar e da forma como ele corria por entre as ervas altas, era o passatempo preferido dele. Assim que me via dirigia-se logo para o descampado onde brincávamos e esperava ansiosamente por mim, escondido entre as ervas. Ainda foi algum o dinheiro que gastei com alimentação para ele. Gostava muito dele e era-mos bons amigos! Quando adoeceu ninguém foi capaz de ter a iniciativa de pegar nele e levá-lo ao veterinário, enquanto o viam cada dia a definhar mais e mais. Durante uma semana andou com corrimentos nasais, sangue e ranho purulento (pensaram ter sido uma pancada), deixou de comer, começou a emagrecer mais e mais, ficou pele e osso, desidratado, sem que ninguém fizesse nada. Assim que me contaram corri a ver o animal, fiquei com o coração nas mãos ao ver o estado em que se encontrava e extremamente irritada por só ser informada uma semana depois. Estava disposta a levá-lo ao veterinário, por mais dinheiro que tivesse que sair do meu bolso, mas ele havia de ficar bem. Não ia deixar que morresse por incompetência e despreocupação das pessoas. Era domingo, decidi esperar pela manhã seguinte. Fiz-lhe uma papa e tentei que comesse, teve de ser com seringa. Aninhou-se no meu colo e acariciei-o durante quase uma hora, há muito tempo que não estávamos assim os dois (a falta de tempo irrita-me). Mantive sempre a esperança que ele havia de ficar bom... 
No dia seguinte ele estava bem pior, já mal se aguentava em pé e tombava constantemente. Nem pensei duas vezes e levei o animal para o veterinário... leucemia felina! Uma doença contagiosa a outros animais, sem cura, o tratamento apenas lhe daria mais uns anos de vida. Ele iria ficar bom com os antibióticos, mas provavelmente iria ter recaídas ao longo da vida e nessas situações teria de ser assistido, não poderia manter contacto algum com outros animais, precisava de uma casa sem poder sair à rua e de um dono atento. Deram-me duas opções: tratamento ou eutanásia. Perante as condições e as pessoas (supostos donos) que nem iniciativa tiveram para o tratar, que preferiam que morresse por ele, como poderia eu avançar para um tratamento? Vou embora dentro de duas semanas, se não fosse eu a tratar dele quem mais iria? Se eu não tivesse dois animais em Portimão, eu ficaria com ele e faria todos os tratamentos que fossem preciso. Mas que podia eu fazer perante tais condições? Esta foi das decisões mais difíceis e dolorosas da minha vida e nunca me senti tão mal em ter de acabar com a vida de um animal tão novo e tão importante para mim... estou completamente destroçada por dentro! Se eu o decidisse tratar e se mais tarde ele tivesse uma recaída e ninguém o assistisse, ele iria sofrer muito e ter uma morte demasiado dolorosa. Achei que fosse o melhor. Mas ainda conseguiram culpar-me pela minha decisão, pessoas que nem um cêntimo foram capazes de dar para tratar do animal e o ficaram a ver a definhar dia após dia. É muito injusto! E sabem lá a dor que foi para mim ter de tomar tal decisão...e sabem lá o quanto triste me sinto pelo amigo que perdi... 

Desculpem o desabafo... não costumo ser destas coisas, mas isto está a ser demasiado difícil de assimilar para mim, nunca pensei ter de tomar uma decisão destas.
 

8 comentários:

  1. Epá que lata que essas pessoas têm! Não foram capazes de pagar no bichinho para o levar ao veterinário e depois criticam a tua atitude que foi sem dúvida a mais adequada tendo em conta a situação!
    Eu faria o mesmo se tivesse na tua situação!
    Beijinhos

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    1. Obrigada pelas palavras linda. Por momentos cheguei a sentir-me mal e na dúvida se teria feito a opção correcta, o que me levou a informar-me acerca da doença junto de vários veterinários. Todos eles disseram que no caso do Caramelo foi a melhor opção porque ele já estava num estado muito debilitado e avançado da doença e que o mais certo era morrer. Ao menos assim não sofreu mais.
      Beijinhos*

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    2. Exactamente! Se essa doença já é o que é para as pessoas, imagina para os animais que não têm um terço dos tratamentos que nós temos! E esses "donos" foram muito negligentes...
      Beijinhos

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  2. Fico muito triste, aliás já me estava a correr uma lágrima..è triste porque apegamo-nos aos animais e quando acontece algo é muito triste. Quanto aos vizinhos é normal, ainda há a mentalidade que os gatos portam muitas doenças, pura ignorância. beijinhos

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    1. Os animais conseguem prender e ter um lugar no nosso coração de uma forma tão especial, que é muito doloroso quando temos de dizer adeus. É um amigo, um membro da família que se perde.
      Infelizmente ainda à pessoas que pensam assim e não conseguem ter sensibilidade para assuntos destes. Obrigada pelas palavras.
      Beijinhos*

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  3. Oh minha querida que triste, quando nos apegamos aos animais doí muito vê-los partir, eu sou completamente fascinada pelos meus gatos, acredita que as vezes até me vem agua aos olhos a olhar para eles a brincar e pensar que um dia não vão estar ali mas olha o gatinho ficou com certeza muito agradecido pelo o que fizes-te por ele e não se esqueceu de ti :)
    Era um gato lindo mesmo :)
    Força querida
    Beijinhos

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    1. Obrigada pelas palavras de força linda. E compreendo bem o que dizes. Também me acontece dar por mim a pensar como seria a minha vida se não tivesse estes amigos por perto e como será muito triste quando um dia tiverem de partir. É um grande vazio que fica no coração. Eu sei que fiz a melhor opção e sei que o Caramelo sabe que o fiz por gostar muito dele e não o querer ver a sofrer.
      Beijinhos*

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    2. Sofia Cunha03 abril, 2012

      Cheguei a este blog nem sei bem como e vi este post. Também tive um gato com leucemia felina e após vários tratamentos, teve que ser abatido. Fico solidária com a tua decisão que foi a melhor. No céu dos gatos o Caramelo anda a brincar...

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"Aparece uma flor. Simples e bonita. Frágil e forte. Imprevisível, cresce aqui e ali, onde menos é esperado. Suas pétalas preenchem o ar com sua força poética."

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